Publicado por: Peter | 30 Maio, 2009

As nossas almas

Num ano, mais de cinco mil docentes pediram a reforma antecipada. Em Novembro, reagindo ao anúncio de simplificação do modelo de avaliação, Céu Tarouca, professora da Escola Secundária José Gomes Ferreira, em Lisboa, comunicava ao PÚBLICO: “Recuso!” Pouco tempo depois reformou-se. Ela diz porquê:
“Abracei o ensino depois de sete anos de função pública. Mal pude, larguei a cadeira confortável, as horas certas para almoço e de saída, pela aventura do ensino. Andei pelo país, mas não me importei porque era feliz, fazia aquilo de que gostava. Havia prazer no que fazia, se bem que sempre com sacrifício da minha vida pessoal e familiar. Passados 34 anos de trabalho, optei pela reforma antecipada, contrariamente ao que sempre pensara que viria a acontecer, ou seja, terminar a minha carreira no topo, com o tempo completo de serviço e quando “a idade já não perdoasse”. O ensino público, tal como se começou a desenhar nos últimos quatro anos e cujo clímax foi atingido este ano lectivo, está moribundo, desinteressante, desmotivador, quer para professores, quer para alunos. Desengane-se quem não o quer ver! Sempre me empenhei sem limites no que fazia; pensava, sem me ralar, que tudo isso iria um dia ser valorizado. Puro engano! Cada vez mais burocracia, cada vez mais leis sem sentido, cada vez mais limites à criatividade e autonomia, ao contrário do que se procura deixar transparecer, levaram à minha decisão de dizer ‘basta’. Apesar de reconhecer que ainda sou nova para me reformar – tenho 54 anos -, sinto que todo o meu potencial pode vir a ser melhor aproveitado para outros fins. Como empreendedorismo e criatividade não me faltam, por certo virei a descobrir um novo rumo para a minha vida.” C.V.


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