Publicado por: Peter | 22 Junho, 2009

Penalizar o trabalho

Parece que há alunos (os mais espertalhões) que já perceberam uma realidade: beneficiam se anularem a matrícula nas disciplinas sujeitas a exame e realizarem o exame como autopropostos. Quando os papás dos restantes alunos se aperceberem disso, vai ser curioso…

Um aluno que andou a penar dois ou três anos a esforçar-se para fazer uma disciplina corre o risco de ser ultrapassado por um que chumbou no décimo e nunca mais quis saber. Este prepara-se para o exame, aproveita a facilidade que impera, tira uma boa nota e é com ela que faz a disciplina. O outro que se esforça sempre, vai ao exame, tira boa nota mas a classificação interna da disciplina puxa a nota para baixo…

No ano anterior, todos os alunos que frequentaram a Matemática durante três anos foram prejudicados dado que as notas dos exames foram muito superiores às notas internas. Isso vai acontecer novamente, pelo que se vai concluíndo da observação do grau de dificuldade dos exames deste ano.

Média do exame do 12.º ano subiu seis valores em dois anos, o que motivou mais alunos a inscrever-se directamente na prova

Este ano houve mais alunos do 12.º ano a cancelar a matrícula em matemática e a propor-se directamente para exame. Uma consequência da “subida de seis valores da média de notas nos últimos dois anos”, diz Nuno Crato, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática. “Muitos alunos cancelaram a matrícula porque estão convencidos que vão ter melhores notas”. Estão inscritos 56 925 alunos nas provas de matemática A e B, que se realizam amanhã. Mas já hoje, 97 mil alunos do 9.º ano testam os seus conhecimentos.

A Sociedade Portuguesa de Matemática acredita que o nível das provas de matemática do 12.º deverá ser semelhante ao do ano passado. “Se tivermos o exemplo das provas de aferição realizados, podemos calcular que os exames vão manter-se muito simples”, diz.

As consequências de se colocar uma fasquia mais baixa não são as melhores, garante: “nem os melhores nem os piores alunos beneficiam e depois há os que cancelam a matrícula porque sabem que não precisam de trabalhar tanto nem de ir às aulas”, lamenta.

O Ministério da Educação não possuí dados sobre o número de alunos que não se matricularam. No entanto, fonte da tutela contestou que um eventual aumento se devesse ao facilitismo dos exames: “foram tomadas medidas para melhorar os resultados. Houve mais investimento no sistema, no plano de acção e uma melhoria na qualidade das provas”, disse.

Também Rita Bastos, ex-presidente da Associação dos Professores de Matemática acredita que o nível dos exames do 9.º ano e do 12.º se vai manter. “Não houve grandes mudanças, por isso devem ser acessíveis”. Nuno Crato refere que o grau de exigência das aulas é superior ao dos exames. “A média subiu muito e isto não corresponde a uma melhoria real e nem sequer permite compara resultados dos últimos anos”, frisa.

Mesmo no 9.º ano, teme que “o facilitismo tenha vindo para ficar”. No ano passado, 44,9% obtiveram nota negativa no exame do 9.º ano, muito abaixo dos 72,2% de 2007. A média da matemática A, de 12.º , subiu três valores num ano.


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